Descobri o mercado americano, e agora?
Acompanhando muitas perguntas através do meu instagram e twitter resolvi resumir aqui como você pode pesquisar sobre ETFs.
Acredito que conhecer os ETFs seja o primeiro passo verdadeiro. Mas afinal, o que é um ETF?
Assim como você pode comprar uma ação na bolsa, pode também comprar um ETF. Sendo que o universo de ETFs disponíveis no mercado é dividido em diferentes categorias e objetivos, e é oferecido por instituições financeiras com autorização dos reguladores. Os ETFs oferecem uma forma de alocação incrivelmente flexível e valiosa para qualquer tipo de investidor. Desde instituições financeiras, traders, administradores de patrimônio e principalmente investidores pessoa física, que não precisam mais se desdobrar para encontrar solução diversificada entre diferentes classes de ativos para o longo prazo.
O crescimento do mercado de ETFs permitiu o acesso a ativos e mercados nunca antes disponíveis para investidores comuns. A abertura do mercado trouxe a possibilidade de se investir em índices, regiões geográficas, setores específicos, commodities, mercado cambial, renda-fixa, etc. Além disso, os ETFs cobram menos que os tradicionais fundos mútuos. Por exemplo, o “SPY”, maior ETF do mercado americano, da empresa Blackrock, e que replica o índice S&P500, custa 0,09% ao ano, vencendo o custo dos Mutual Funds tradicionais entre 1% a 2%.
Como então o investidor faz para analisar um ETF?
Existem diversas variáveis por trás da análise de um ETF. A dinâmica usada, se a empresa compra todas as ações do índice e “quebra em pedaços”, se a empresa usa uma amostra de ativos, etc. Além disso, o investidor precisa escolher entre um ETF “de acesso”, ou seja, um ETF passivo que apenas replica um objetivo de alocação, como o ETF “XLF” da State Street, que balanceia apenas empresas do setor financeiro com o peso de marketcap correspondente no índice S&P, ou um ETF “de performance”, como por exemplo o ETF “RYF” da empresa Powershares, que também usa apenas empresas do setor financeiro, mas que balanceia todas com o mesmo peso, dando maior exposição a empresas pequenas do que a empresas grandes.
Existem ETFs que permitem acesso a diferentes classes de ativos. Por exemplo, o ETF “TLT” da empresa Ishares usa apenas notas do tesouro americano como ativos base, tem objetivo de alocação manter a maturidade de vencimento média de 20 anos nos títulos, ou seja, quando os juros sobem, o preço do ETF negociado cai, replicando o deságio no valor de face das notas do tesouro. O ETF paga os mesmos dividendos que as notas do tesouro com essas características de maturidade. O ETF “GLD”, da empresa State Street permite que cada investidor tenha acesso a ouro físico depositado em um banco londrino e garantido pela empresa, assim, se o preço do ouro spot sobe, o investidor lucra no investimento.
Existem inúmeros exemplos da criativiade da indústria de ETFs, como o “WSKY” da Spirited Funds que tem apenas empresas de produção de uísque como ativos base, ou o ETF “MJ” que inclui as empresas da nascente indústria de cannabis americana e canadense. Também existem ETFs que são feitos de derivativos como “USO”, que é feito de contratos de petróleo, ou ETFs internacionais como o “EWZ” que replica o Bovespa em dólar ou o “VNM”, que replica a bolsa do Vietnã.
Cuidado:
Assim, como em qualquer investimento, existem riscos associados e o investidor que não pesquisar bem poderá arcar com perdas inesperadas. Alguns ETFs usam alavancagem, como o “SSO”, da Proshares, que replica o resultado diário do índice S&P500 com duas vezes de alavancagem, ou seja, se o índice fechar o dia positivo em 1%, o ETF deverá performar próximo de 2%. Entretando, devido à dinâmica do processo, investir com prazo de mais de um dia em ETFs alavancados não corresponde exatamente à performance esperada, dados os custos de alavancagem. O investidor deve ficar atento à liquidez dos ativos base de cada ETF e à natureza dos ativos. Em 2018, o ETF “XIV”, que replicava o oposto do índice VIX de volatilidade, quebrou quando o VIX subiu 123% em apenas um dia.
ETFs amplificam stress de mercado:
Apenas para contextualizar o momento atual, devido ao grande número de investidores que aplicam em ETFs de renda fixa e renda variável, momentos como o atual do coronavirus, nos mostram que quando ETFs precisam liquidar posições, ativos ilíquidos acabam sofrendo, assim como papéis de empresas com balanços saudáveis, que teoricamente não precisariam sofrer as mesmas quedas que empresas frágeis. Este tema ainda poderá ser um grande tema em 2020 dependendo do que acontecer nos mercados.
Não deixem de conferir o meu outro artigo “GUIA PARA INICIANTES EM ETFS: AÇÕES”. Neste guia te ensino como filtrar ETFS de forma simples.