Volta da Exuberância

No início de novembro, logo após as eleições, observou-se uma onda de euforia no mercado, seguida rapidamente por uma febre em várias classes de ativos. Enquanto as criptomoedas ganharam popularidade e os volumes de negociação cresceram, o mercado de ações, especialmente no segmento de empresas menores, registrou um aumento na atividade especulativa. Esses movimentos refletem o tipo de ambiente que frequentemente incentiva a tomada de riscos imprudentes. Até mesmo investidores conservadores podem ser atraídos para investimentos especulativos, à medida que novos produtos financeiros, muitas vezes pouco compreendidos, inundam o mercado. 

Diante dessas mudanças, é essencial agir com cautela, baseando as decisões de investimento em um julgamento sólido e em uma análise aprofundada dos riscos envolvidos. 

Volta da Exuberância 

Após as eleições, os investidores experimentaram uma onda de entusiasmo que impulsionou as compras de ações com uma energia notável. Até o final da quarta-feira, 13 de novembro, uma semana após as eleições, impressionantes US$ 9,2 bilhões em ações foram negociados, marcando um dos maiores volumes de compra dos últimos anos. Para efeito de comparação, este é o maior pico de negociação no varejo desde março de 2022, superando em mais de três vezes a média dos últimos 12 meses. 

Essa onda de investimentos foi distribuída de forma equilibrada. Enquanto US$ 4 bilhões foram direcionados para ações de empresas individuais, cerca de US$ 5,2 bilhões fluíram para ETFs. Produtos focados em Bitcoin também se destacaram, refletindo o renovado interesse dos investidores em criptomoedas após os resultados eleitorais. 

Este movimento destaca como eventos políticos e o sentimento de mercado podem influenciar o comportamento dos investidores, trazendo novos focos de atenção em um cenário de constantes mudanças. 

Dados de mercado relevantes: 

  • Indicador de Sentimento da Bolsa (relatório da Goldman Sachs, novembro): atingiu 2,3 pontos, o maior valor desde fevereiro de 2018 e o quarto mais alto da história. 

  • Valuations do S&P 500

  • Relação preço/lucro (P/L) atual: 25,15 (últimos 12 meses) e 23,01 (estimativas futuras). 

  • Comparação histórica: média de P/L dos últimos 5 anos é de 19,6 e dos últimos 10 anos, 18,1. 

Os números indicam que os investidores estão pagando um prêmio em relação aos padrões históricos. 

Reporte da Goldman Sachs de Novembro, Indicador de Sentimento de Bolsa.

Adicionalmente: 

  • Relatório do Bank of America (BofA): 96% dos analistas esperam lucros recordes para as empresas até o final de 2025. 

  • Riscos de concentração no S&P 500: As 10 maiores empresas representam aproximadamente 35% da capitalização de mercado, com um terço concentrado no setor de tecnologia. 

Reporte do BofA de Novembro.

Essa concentração, somada ao P/L ajustado pela inflação (Shiller), que está em níveis historicamente altos, sugere potenciais desafios futuros em termos de retornos.

Estimativa Shiller P/E Ratio do multipl.com em percentil historicamente muito alto.

O consenso dos analistas projetam um crescimento de lucros de longo prazo para o S&P 500 entre 12% e 14%, embora as estimativas variem dependendo da fonte. Esse crescimento esperado poderá ou não sustentar as avaliações atuais, basta as empresas cumprirem essas previsões otimistas para justificar os elevados múltiplos de P/L. 

Em escala global, as ações dos EUA mantêm uma posição dominante, representando cerca de dois terços dos índices de ações globais, enquanto a economia dos EUA contribui com aproximadamente 25% do PIB mundial. Essa representação desproporcional destaca a preferência por ativos dos EUA, apesar de suas avaliações permanecerem elevadas em relação aos padrões históricos. 

Enquanto essas dinâmicas de mercado se desenrolam, o cenário econômico mais amplo pinta um quadro menos otimista. A maioria dos indicadores líderes e cíclicos, incluindo aqueles relacionados à manufatura e ao mercado imobiliário, continuam apontando para uma trajetória de queda. Não obstante, o Federal Reserve o qual tem adotado uma postura de flexibilização da política monetária, sugerindo crescentes preocupações com as condições econômicas subjacentes e fornecendo um certo grau de suporte aos mercados no curto prazo, começa vagarosamente a ter sua política monetária atual questionada. 

Os investidores enfrentam um ambiente onde avaliações de mercado elevadas coexistem com fundamentos econômicos discutíveis, exigindo uma abordagem disciplinada e cautelosa para navegar pelas incertezas que estão por vir. 

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