Update de Mercado - versão Outubro 2020

O mês de outubro foi um dos meses mais interessantes do ano e facilmente pode confundir a leitura dos mercados.

Se você está lendo pela primeira vez o meu resumo do mês, recomendo o artigo “Manual: Como ler o relatório mensal de indicadores de mercado?”

Para baixar o Report é só clicar aqui.

Vamos aos highlights!

Credit Markets (Mercado de Crédito)

1)       Taxa de hipoteca do Freddie Mac de 30 anos atingiu a mínima histórica de 2.8%. O movimento não foi acompanhado pela taxa de juros longa. O Treasury de 10 anos subiu de 0.67% para 0.87%, um movimento nominal baixo, porém, percentual alto. A taxa de 30 anos, que não está incluída no report fez movimento similar, indo de 1.45% para 1.65% no mês.

2)      A curva de juros alemã aumentou a disparidade entre o 2 anos e o 10 anos, continuando invertida e no território negativo.

3)      O pick up de casos de Covid no fim de outubro na Europa trouxe um gap interessante entre a taxa longa alemã e americana, sendo o maior gap desde a crise de março.

4)      O issuance de novos bonds segue batendo recordes, já acumulando quase 2 trilhões de dólares em Investment Grade no ano, 158% versus 2019. High Yields completam 475 bilhões de dólares no ano, 61% de crescimento.

5)      A performance no mês de outubro foi novamente negativa para os Investment Grade Bonds mais longos conforme as taxas de juros do tesouro subiram, demonstrando como os Investment Grade Bonds tendem a seguir mais os movimentos das taxas que as expectativas de melhoras de balanços das empresas. Em paralelo, devido aos baixos spreads em Investment Grade, observamos o mercado de crédito adotando uma postura de maior risco nas alocações em bonds, com performance positiva para os High Yield americanos no mês.

6)      O movimento otimista com High Yields não ocorreu na classe mais frágil, os CCC’s medidos através do Wells Fargo Biz Development Companies Index, que fechou o mês com -2%, completando -26.8% de queda no ano.

Equity Markets (Mercado de Renda Variável)

1)       Novamente o S&P500 e o Nasdaq apresentaram mais um mês negativo, chamamos a atenção para o Nasdaq, que completou uma sequência de quase -10% entre o início de setembro e o fim de outubro. A performance no ano ainda é de 27.2%. A conclusão principal por trás das quedas foi de menor expectativa de crescimento de lucros das empresas que possuem modelos de business que se beneficiaram fortemente com o contexto do ano.

2)      Em paralelo, o mês terminou 4 dias antes das eleições americanas as quais seguem indefinidas até o momento. A volatilidade no final do mês subiu 11.6 pontos no índice VIX, fechando o mês em torno de quase 40 pontos. Foi o maior aumento de volatilidade mensal desde o complicado mês de março.

3)      No âmbito setorial, o ETF de tech XLK seguiu o Nasdaq e apresentou -5% de queda no mês, em paralelo, o setor de utilidades públicas, através do ETF XLU, voltou a performance flat nos últimos 12 meses com a alta de 5.1% no mês. 

4) O setor de energia atingiu a mínima das últimas duas décadas com a queda de 4% no mês, acumulando -50% no ano de 2020.

Economic & Commodities:

1)       Chamamos a atenção para o ouro, que fechou o mês com queda de 0.4%. Acreditamos que foi um possível reflexo da subida das taxas mais longas de juros e inflação estável. A commodity ainda acumula uma performance de aproximadamente 23% no ano de 2020. E a tendência de recolher ganhos a cada vez que o tesouro longo sobe começa a perder tração o que nos chama a atenção a respeito dos próximos movimentos.

2)      O preço de transporte de commodities industriais caiu 31% no mês, medido através do Baltic Dry Index e resume os indicadores dos itens abaixo.

3)      O indicador de ganhos por hora (Average Hourly Earnings) se manteve estável em +0.1% e ficou ligeiramente abaixo do esperado. Acreditamos que de todos os indicadores no report esse seja o mais “antecipado”.

4)       Chamamos a atenção para o pick up na manufatura e indústria, reflexo da melhora do PIB de aproximadamente 34% no terceiro trimestre (e redução do desemprego nos meses anteriores).

5)      A indústria e a manufatura apresentam os resultados com delay a respeito dos indicadores mais rápidos. Observamos que no fechamento do terceiro trimestre (setembro) o consumo aumentou em 1.2% e o reflexo foi sentido pelo otimismo do setor com o Philly Capex Investments (DIffusion Index) apresentando a opinião que 17% dos managers planejam aumentar a produção.

6)      Confirmamos o movimento anterior com o aumento de Capacity Utilization industrial em 0.8% (total em 72.8%) o maior valor desde o auge da pandemia, e refletindo a queda no preço das commodities do Baltic Dry Index.

7)      Não enxergamos movimento de recuperação similar na Europa, a confiança dos empresários voltou a cair no mês de outubro. Na China a indústria e a manufatura seguem tímidas com apenas 1.4% de crescimento versus 2019 e fora do compasso versus outros dados divulgados pelo governo que não condizem com estes resultados. Os resultados de vendas no varejo decepcionaram em 0.6%.

8)      Por último, as incertezas da eleição afetaram o otimismo econômico americano, caindo mais de 5% e por mais um mês.

9)      Na contra-mão do pessimismo no sentimento versus a economia, observamos o NAHB Housing Index atingir a máxima histórica. O movimento de taxas de mortgage em mínimas históricas e falta de oferta de imóveis impulsiona o mercado imobiliário americano, com aumento de vacância em grandes cidades e estados com impostos altos, e, demanda migrando para fora do Eixo NY-Boston-Philadelphia rumo a outros estados como Florida e Texas.

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